O REAL CAMPEÃO DO MUNDO

O REAL CAMPEÃO DO MUNDO

                                  O REAL CAMPEÃO DO MUNDO
                                                      José Hildor Leal (*)
Dia destes ouvi atentamente um relato nostálgico do consagrado professor Lênio Streck, em Podcast.  
Longe de tratar de Direito Constitucional, do qual é mestre, atacou na área do futebol, com reminiscências adolescentes da época em que foi goleiro amador do Avenida, de Agudo, tendo atuado no histórico jogo com o profissional do Cachoeira, participante do Campeonato Gaúcho, e que havia pouco ganhara do Internacional, de Porto Alegre, o qual por seu turno vencera o campeão mundial Peñarol, do Uruguai, de modo que considerou ter sido o Avenida o verdadeiro campeão do mundo.
Acostumado a ler os ensinamentos do meu quase vizinho de infância, pois Agudo e Cerro Branco já faziam limite desde os tempos em que foram respectivamente o 6º e o 7º distritos de Cachoeira do Sul, foi emocionante ouvir suas lembranças juvenis.
Mas há um detalhe esquecido por ele – e não se pode culpá-lo, afinal lá se vão quase 50 anos – que deve ser esclarecido, por medida de justiça.
Logo após aquele jogo contra o Cachoeira, o Avenida foi batido pelo Real Associação Esportiva, de Cerro Branco, com a escalação que até hoje sei de cor e salteado: Dáurio Faber, Ireno Schultz, Irineu Ancheta Sehnem, Herbert Schwantz e Levindo Lang; Jalmar Sabin, Neco Schwantz e eu, Bernardino da Silva, Sargento Garcia e Neguinho Ferreira. 
Reinaldo (Tinho) Saueressig, nosso treinador, alertara na preleção que além de bater o Cachoeira, o Avenida vinha de folgada vitória sobre o Canarinho, de Rincão da Porta, atual Paraíso do Sul, do afamado goleiro Getúlio Schiefelbein.
Lembro como se fosse ontem, afinal, moleque ainda, foi um dos primeiros jogos que disputei. Já bem no início o adversário mostrou a que veio, abrindo o placar. Não nos intimidamos, e em seguida igualamos o marcador. Com os dois times querendo vencer eram os goleiros que operavam milagres de lado a lado, e quando o empate parecia definitivo, um pênalti decidiu a partida. 
Com a vitória sobre o Avenida pode se dizer que o real campeão do mundo foi o Real, que derrotou o Avenida, que derrubara o Cachoeira, que ganhara do Internacional, que tinha vencido o Peñarol. Ao menos assim nos sentimos naquele final de tarde.
Feito o reparo, é também preciso dizer que o futebol perdeu um grande atleta para as letras jurídicas, que ganharam um exponencial de intenso brilho.
Dr. Lênio Luiz Streck é um dos maiores juristas deste País.

(*) Tabelião